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26 de jun. de 2009

Meus Avozinhos...Um velho amor sempre novo!

Sem dúvida, para qualquer um de nós que tenhamos tido a sorte de conviver com nossos ascendentes, alguns deles representaram um elemento importantíssimo na nossa formação.
Não faz pouco tempo, na verdade demasiados anos já se passaram, quando eu era apenas uma adolescente que procurava aproveitar a maior quantidade de tempo possível em companhia dos meus avós.
Desde essa época, sempre me perguntei por que me agradava tanto a companhia deles.
Hoje penso que teria sido provavelmente por causa da paz que os meus avós me propiciavam e pela grande sabedoria que eles sabiam e conseguiam me transmitir com base em sua experiência de vida.
Meu avozinho, por exemplo, sabia de fato me distrair, ensinando-me ao mesmo tempo coisas tão úteis como aprender a varrer, a atravessar a rua, a lavar a louça sem gastar tanta água, a fazer compras na Hodia (supermercados da região onde morava).
Com minha avozinha aprendi também a fazer roupinhas pras minhas bonecas, jogávamos xadrez, bingo, dominó, brincávamos de casinha, além de muitas outras brincadeiras que podem parecer à primeira vista, nada transcendentais, mas nos proporcionam uma sadia convivência em família, partilhando momentos inesquecíveis que permanecem para sempre em nossa recordação.
Eu poderia arrolar aqui uma lista interminável de momentos felizes, seguramente inesquecíveis. Por exemplo, as inúmeras lições de vida da minha avozinha, sempre batalhando contra a sua doença em uma cadeira de rodas causando-lhe muito sofrimento pela dificuldade em caminhar e exercer suas tarefas diárias no dia-a-dia, diante disso tomávamos banho juntas, ela me permitia cortas suas unhas, seus cabelos, eu pegava uma cadeirinha, colocava perto da pia da cozinha e prestava atenção enquanto ela preparava nosso almoço.
No entanto, independentemente de todos esses momentos que a gente guarda como um tesouro na vida, menciono também outra preciosidade de muito valor:
Nunca poderei esquecer o inquebrantável testemunho de trabalho do meu avô, quando saía de casa bem cedinho, com suas dores nas costas, com sua diabete controlada, pois ele mesmo cuidava-se e aplicava sua insulina de manhã cedinho.
Recordo-me como a minha avozinha se despedia de todos os filhos que a visitavam com um carinho de dar inveja, permanecendo na cadeira de rodas, parada à porta da sala, por um longo espaço de tempo...
E todos os filhos olhavam sempre pra trás, até mesmo bem longe... para acenar mais uma vez um adeusinho à vovó, com a segurança de revê-la, pois sabia que ela continuaria no mesmo lugar, esperando para corresponder ao seu gesto, até perdê-los de vista quando saíam de carro. Minha avó participava ativamente da minha formação, de forma muito especial. Lembro-me de quando minha avó me ensinou as primeiras orações, essas que todos nós conservamos na memória.
Recordo-me muito bem de como, pouco a pouco, ela ia plasmando, uma consciência reta, ensinando-me a distinguir com clareza, e senso de justiça, entre o bom e o mau.
Eu adolescente, não via a hora de chegar o final de semana, para fazer minha malinha na sexta feira e ficar do lado dos meus avós, quanta alegria meu Deus! Me dá saudade só de lembrar...
Passei com eles os melhores finais de semana da minha vida! Aonde meus avós moravam, eu quase não tinha colegas ou amigos, de vez em quando encontrava com alguns primos, o que eu queria mesmo era estar entre eles, era meu maior prazer, eu me sentia protegida, recebia afeto, carinho e muito amor!
Quando minha mãe ia me buscar no domingo, eu chorava de tristeza, pois não queria deixá-los, não queria voltar com minha mãe, que na época tinha seu marido (não era meu pai), tinha sua vida...mas não era a minha, não era feliz naquela casa...foram 12 anos assim, durante a semana eu morava com minha mãe e aos finais de semana com meus avós!
No final do ano, e sempre em companhia dos meus avós, eu esperava com ansiedade o dia de armar a árvore de Natal, e sobretudo as figuras do Presépio e do menino Jesus
Outro dos preciosos exemplos, acredito que o mais valioso, me foi transmitidos pelos meus avós com respeito ''ao verdadeiro significado do amor''.
Não se trata, aqui, do "amor" como nos é apresentado atualmente pela televisão ou pelas películas de cinema, mas daquele tipo de amor que só se pode experimentar quando o casal se deixa unir pela vontade sincera de continuar amando, mesmo já tendo passado o que se convencionou chamar os "melhores momentos da vida".
Quando a beleza física cede lugar à beleza espiritual. Quando já se perdoou tudo um ao outro e se prossegue perdoando, única e exclusivamente por amor.
É assim que me lembro de como, ainda criança, eu deslizava pela casa para, secretamente, poder melhor observar meus avozinhos em seus momentos de intima convivência afetiva.
Pouco a pouco, sem ser surpreendida, eu chegava ao ponto de me esconder detrás da porta. Do meu esconderijo...rs, podia vê-los sentados na sala junto à janela que dava para o jardim. Era ali que eles gostavam de ficar, conversando e olhando a rua.
Assim é que fui observando, quase sem que me desse conta, como transcorriam os últimos dias de ambos nesse clima repleto de amor, que meus velhinhos sempre professaram entre si, mesmo com suas diferenças.
Talvez esta tenha sido a causa, quando meu avô morreu, de não ter transcorrido mais alguns anos para que minha avó o alcançasse, indo reunir-se a ele para sempre.
Ele morreu como sempre previra: de repente!
Diabete subiu num dia...e no outro dia ele se foi.
Durante o último ano de vida de meu avô, minha avó nunca deixou de permanecer ao seu lado, embora fosse apenas pela recordação vívida que ela fazia questão de manter.
Às vezes eu até a escutava conversando baixinho com ele.
Nasci no mesmo dia que meu avô, 17 de julho.
Após sua morte, durante muitos anos eu não comemorei meu aniversário, tinha muita tristeza e saudades!
Minha avozinha se foi no dia de Natal ... perdi meu chão, perdi metade de mim! Meu Natal nunca mais foi o mesmo sem eles.
Não conseguia imaginar minha vida sem minha avó, ainda viva, conversávamos muito sobre isso, eu dizia a ela: Vovó o dia que você morrer eu morro junto! E ela muito brava me falava: Você tem sua mãe, não fale assim, ninguém fica pra semente!
Eu a idolatrava, dizia o quanto eu a amava praticamente todos os dias, ela era tudo pra mim, ''ainda é'' e ela sabe disso!
Partiram deste mundo meus avozinhos, mas só se foram corporalmente, porque seus exemplos, suas lembranças inolvidáveis e sobretudo seu testemunho de vida continuam ocupando, entre seus filhos e netos, um lugar muito importante, um verdadeiro exemplo a ser seguido.
Agora eu me pergunto de que forma se poderia "pagar" a avozinhos, como os meus, o incalculável legado que nos deixaram sobre o verdadeiro sentido do amor.
Talvez a única forma de retribuir-lhes seja a de deixar esse mesmo legado às gerações futuras. Desta maneira, e só assim, nossos filhos e netos possam viver na própria carne "UM VELHO AMOR, SEMPRE NOVO".

Desejo muita luz para os meus avós Dolores e Daniel.

Com muito amor e infinitas saudades...

Sua neta ♥ Mônica.

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